terça-feira, 13 de agosto de 2013

#19 - Espelho (João Nogueira)

Seguindo a linha, hoje seria domingo, ou seja, dia dos pais! Resolvi homenagear meu paizinho hoje com uma das canções mais bonitas do gênero: Espelho de João Nogueira. Não vou falar muito, creio que a letra dessa canção fala por si só. Creio que a maioria deve conhecer o filho desse compositor o João Nogueira, que acabou virando sambista com uma bela voz, muito parecida como a de seu pai. É de emocionar vê-lo cantar esta música até hoje. Meu pai sempre gostou de samba, já comentei aqui, e grande parte do respeito que tenho pela música brasileira é graças a ele. Creio que nunca cheguei a falar abertamente isso para ele, já que é japonês e tem a tendência de ser um pouco fechado. Mesmo assim sempre foi um homem bom e tenho muita sorte de tê-lo na minha vida.  Bem, eis a letra de hoje:

Nascido no subúrbio nos melhores dias
Com votos da família de vida feliz
Andar e pilotar um pássaro de aço
Sonhava ao fim do dia ao me descer cansaço
Com as fardas mais bonitas desse meu país
O pai de anel no dedo e dedo na viola
Sorria e parecia mesmo ser feliz

Eh, vida boa
Quanto tempo faz
Que felicidade!
E que vontade de tocar viola de verdade
E de fazer canções como as que fez meu pai (Bis)

Num dia de tristeza me faltou o velho
E falta lhe confesso que ainda hoje faz
E me abracei na bola e pensei ser um dia
Um craque da pelota ao me tornar rapaz
Um dia chutei mal e machuquei o dedo
E sem ter mais o velho pra tirar o medo
Foi mais uma vontade que ficou pra trás

Eh, vida à toa
Vai no tempo vai
E eu sem ter maldade
Na inocência de criança de tão pouca idade
Troquei de mal com Deus por me levar meu pai (Bis)

E assim crescendo eu fui me criando sozinho
Aprendendo na rua, na escola e no lar
Um dia eu me tornei o bambambã da esquina
Em toda brincadeira, em briga, em namorar
Até que um dia eu tive que largar o estudo
E trabalhar na rua sustentando tudo
Assim sem perceber eu era adulto já

Eh, vida voa
Vai no tempo, vai
Ai, mas que saudade
Mas eu sei que lá no céu o velho tem vaidade
E orgulho de seu filho ser igual seu pai
Pois me beijaram a boca e me tornei poeta
Mas tão habituado com o adverso
Eu temo se um dia me machuca o verso
E o meu medo maior é o espelho se quebrar


A música, ao pé da letra, não faz parte da minha realidade, porém, o tamanho da admiração que João Nogueira quis demonstrar com sua música é mais ou menos o que explica a minha pelo meu pai. Morar longe dele fez aumentar esse sentimento que tenho e o amor que sinto. Hoje eu deixo essa música ao meu amigo, meu palhaço, meu companheiro dessa vida, o homem da minha vida, meu pai! 




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